Há algum tempo havia um programa humorístico em que um dos participantes dizia ao ouvir um grande problema: “Onde? Na França? Aqui no meu país não”.

Humor à parte, o fato é que o problema é aqui mesmo.

A sociedade brasileira precisa  tomar conhecimento e discutir a realidade do seu trânsito exigindo  das autoridades ações concretas  para estancar a enorme quantidade de acidentes que ocorrem diariamente em todo país.

As autoridades, em todos os níveis da administração, Federal, Estadual e Municipal, parecem que tratam o assunto como se o problema fosse lá na França, mas o fato é que são os brasileiros que tombam diariamente  nas nossas, ruas, avenidas  e estradas.

Para dimensionar o tamanho dessa tragédia nacional me utilizo dos dados do DPVT do último balanço anual em 2012:

Mortes:   60.752 mortos, acréscimo de 5% em relação a 2011;

Inválidos permanentes:  352.485, acréscimo de 47% em relação a 2011;

Assistências Médico Hospitalares: 94.668, acréscimo de 38% em relação a 2011;

Mais uma vez as maiores  vítimas nessa contabilidade sinistra  foram os motociclistas que, com uma frota de apenas 27% de veículos, representaram 39% das vitimas fatais,  74% das vítimas de invalidez e 72% dos atendimentos médicos hospitalares.

São números assustadores, que merecem a atenção da sociedade e ações concretas para estancar essa mortandade.

O mais grave é que a situação se repete em 2013. Os dados do primeiro trimestre, comparados ao mesmo período de 2012, já indicam aumento nos casos de invalidez e atendimento médico hospitalar.  Não vou considerar a redução de 1% no número de vítimas fatais, uma vez que estatisticamente ele não é significativo, mas já são 14.349 mortos, certamente mais que qualquer conflito em curso pelo mundo afora.

A sociedade precisa alertar e os governos agirem para  estancar e reverter esses números que, além do drama humano que acompanha cada um, tem altíssimo custo, que supera a casa dos R$ 40 bilhões/ano, dinheiro que falta da saúde e educação.

Mas, o que fazer?

As medidas são sobejamente conhecidas por todos. Educação, fiscalização e leis que realmente punam os infratores.

É necessário  Implantar imediatamente nas escolas uma disciplina que dê aos jovens  noções de cidadania e educação no trânsito, para que daqui a 15 ou 20 anos tenhamos melhores cidadãos e melhores condutores de veículos.

Aumentar a fiscalização por meio dos recursos eletrônicos disponíveis e da presença ostensiva do agente nas vias de circulação é outro caminho.

Mudar a legislação enquadrando os crimes de trânsito com penalidades duras e não essa troca de vidas humanas por cesta básica ou prestação de serviços.

Atenção especial tem de ser dedicada às motocicletas, responsáveis pela maior parte dos acidentes com vítimas.  As autoridades precisam ter coragem para enfrentar o problema e reduzir o número de vítimas, em sua grande maioria profissionais que se utilizam dos veículos para seu trabalho. São pais de família que precisam de orientação e ajuda para manterem suas vidas.

Agora mesmo alguns veículos de comunicação estão fazendo uma campanha de alerta à sociedade e aos motociclistas chamando a atenção para as infrações que são cometidas. Pois então, que as autoridades aproveitem o momento e trabalhem em prol da vida.