Falar em mobilidade urbana e gestão do trânsito pressupõe o máximo da aplicação dos recursos eletrônicos disponíveis. Qualquer projeto que seja implantado atualmente tem que prever a integração de todos os serviços de emergência do Município numa central de atendimento, de forma a facilitar a gestão e gerar economia e rapidez na tomada de decisão para o atendimento da população.

A partir dessas centrais, os agentes treinados poderão monitorar o trânsito, assim como ruas, praças e prédios públicos, e, ao sinal de qualquer problema ou emergência, podem acionar as equipes especializadas que farão o atendimento, seja de um acidente ou de um ato de vandalismo qualquer.

Se for uma catástrofe natural, como enchentes, ou acidente com carga perigosa, pela central integrada a Defesa Civil entra em ação. Problemas com segurança, como assaltos, poderão ser coibidos pela fiscalização das câmeras e reprimidos com a rápida intervenção policial.

Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Fortaleza (CE) já implantaram seus sistemas integrados, que partem do pressuposto: para salvar vidas, gerar sensação de segurança, desatar os nós dos congestionamentos ou fazer a economia de uma cidade andar, os gestores municipais precisam dar respostas rápidas e transparentes aos problemas que a cidade enfrenta diariamente.

São Paulo ainda patina na integração. Em parte por seu gigantismo, em parte por falta de transparência em sua política de segurança no trânsito e em parte porque ações judiciais travam todo o processo ao questionar a lisura das licitações paulistanas. Aliás, em São Paulo o atual precário sistema de fiscalização de trânsito está funcionando por meio de contratação em caráter emergencial, uma vez que o processo licitatório sofreu diversas contestações.

Hoje, na capital do Estado mais rico do país, na terceira maior metrópole do mundo, nem sequer o número de infrações registradas pelos equipamentos eletrônicos e pelos agentes públicos durante o mês é possível saber. Quanto a cidade arrecada com multas e quanto investe no trânsito também é outra informação guardada a sete chaves.

Até dois anos atrás, os radares fixos registravam 150 mil infrações por mês. As infrações aumentaram ou diminuíram? Sem estatísticas e sem informações à sociedade, o processo de transparência na gestão pública fica seriamente comprometido e a parceria entre o Município e seus munícipes não se estabelece.

Encontrar soluções que deem mais mobilidade e segurança no trânsito é sempre um desafio para a sociedade. Mas, quando a Prefeitura boicota a informação, cria uma cisão entre o poder público e a sociedade. Aí, então, tudo fica mais complicado.