O brasileiro, como sabemos, é muito criativo, especialmente quando se trata de dar apelidos. O sistema eletrônico de monitoramento e segurança de trânsito, por exemplo, já foi apelidado de “radar”, de “pardal”, de “chupa-cabras” e, agora, de “dedo-duro”. Vemos o apelido como um termômetro. Se não ganhar apelido, o aparelho não está sendo notado pela população.

Como já ganharam apelido de “dedo-duro”, podemos entender que os equipamentos LAP (Leitura Automática de Placas), ou OCR (Optical Character Recognition), estão no cotidiano das cidades. A razão é simples: os LAP são a ferramenta mais moderna de fiscalização hoje à disposição do gestor de trânsito.

Com os “dedos-duros” é possível, simultaneamente, fiscalizar excesso de velocidade, verificar se o veículo passou pela inspeção antipoluição, apurar se ele está respeitando o rodízio e checar se a documentação está regularizada. Tudo isso em menos de um segundo. Portanto, uma excelente ferramenta quando se sabe que cerca de 30% da frota nacional está irregular.

Seus relatórios incluem dados sobre volume de tráfego na via, de faixa exclusiva (corredor de ônibus), restrições a caminhões, tempo de percurso, velocidade média, tipo de veiculo, além de estudos de origem e destino que fornecem elementos fundamentais para o planejamento da gestão das vias.

Os LAP dão ainda maior segurança aos agentes de trânsito quando são utilizados em blitz. Instalados em avenidas ou estradas, esses equipamentos avisam os agentes quando o veículo que está vindo é roubado. Assim, toda a abordagem deste veículo será diferenciada e os policiais saberão antes o que vão enfrentar.

O Governo Federal fala em 35 mil mortos no trânsito brasileiro por ano. Este dado está incorreto. Morrem, pelo menos, 57 mil pessoas no país, vítimas da violência no trânsito. E não custa lembrar que, anualmente, são 270 mil acidentes. Uma guerra, um genocídio sobre rodas.

Esta triste situação tem origem no nosso sistema educacional falho, na falta de fiscalização e de leis que punam exemplarmente as verdadeiras feras soltas pelas ruas.

Infelizmente, na contramão das estatísticas, vimos diariamente propostas de leis que beneficiam os infratores contra os interesses da sociedade e dos homens de bem que são as vítimas e que pagam a conta. A falta de fiscalização e os acidentes custam ao país cerca de R$ 30 bilhões por ano. Este dinheiro falta na educação e na saúde pública.

Recentemente, mais um projeto-de-lei, de autoria do deputado José Airton Cirilo, veio beneficiar os infratores. Segundo essa proposta que já foi aprovada na Comissão de Viação e Transportes da Câmara Federal, os equipamentos e sensores de velocidade deverão ser pintados de amarelo com faixas pretas e identificados à noite com faixas refletivas.

Essa “pérola” -somada àquela que manda avisar onde estão os equipamentos de medição de velocidade- é salvo-conduto aos irresponsáveis que dirigem pelas ruas e estradas.

Para frustração dos infratores e de seus defensores, a tecnologia empregada para ajudar a solucionar problemas de trânsito chegou para ficar.